“A educação infantil é a primeira etapa da educação básica. É a única que está vinculada a uma idade própria: atende crianças de zero a três anos na creche e de quatro e cinco anos na pré-escola. Tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (LDB, art.29)”. É o que o MEC escreve em seu portal de Educação Integral.
As atividades escolares a serem realizadas em casa para dar continuidade ao processo de aprendizagem na Educação Infantil devido ao distanciamento social podem exigir alguns cuidados práticos para o familiar que se arrisca a acompanhar a criança nessa empreitada.
Pode haver confusões, momentos tensos e cobranças desnecessárias que podem tornar a realização das atividades desprazerosa ou ineficientes para o aprendizado esperado.
Se você não é professor, pode surgir insegurança por não ter formação para tanto. Se é professor, em casa também desempenha outros tantos papéis e a exigência continua.
Considerando a faixa de desenvolvimento das crianças e respeitando o jeito de funcionar que é próprio de cada família, seguem dicas para ajudar na manutenção do estudo em casa e facilitar a realização das tarefas e da construção do pensamento da criança.
1. Estabeleça rotina: muito importante para a realização de quaisquer tarefas e para a organização do dia a dia da criança. Ter um horário ou período definido vem acompanhado de regras e limites. Isso auxilia no contato com a realidade (não dá para fazer tudo o quero e na hora que quero) e as crianças se sentem mais seguras por saberem até onde podem ir. Por isso, oferecer esse horário ou período, por exemplo, de segunda a sexta, depois do café e/ou da brincadeira matinal, e antes de brincar de bola ou almoçar, por exemplo, faz com que a criança identifique o momento da atividade escolar em casa.
2. Antecipe: em casa, com a maioria em home office, também podem acontecer imprevistos. Antecipar é falar como o dia está planejado: “hoje é segunda-feira, vamos ter o café da manhã depois da leitura comendo fruta. Aí vamos escovar os dentes, trocar de roupa, brincar com os bonecos e fazer a atividade da escola”, etc. Na terça-feira, “hoje, depois do café da manhã vamos ao médico. Nossa brincadeira e atividade vão ficar para depois do almoço”. Não é preciso antecipar o dia inteiro, mas destacar o que se escolhe de importante. Isso faz com que a criança seja incluída nesses planos, aprenda a planejar e o que é prioridade na família além de assimilar seus valores. Vai acontecer de a criança oferecer novas ideias a respeito dessa rotina? Sim. Então escute-a. E em seguida mostre o porquê de realizar ou não a mudança que ela deseja, sendo sincero e apresentando seus argumentos de maneira que ela entenda.
3. Defina um local: na mesma linha de pensamento do estabelecimento da rotina, escolher sempre um mesmo local para a realização da atividade ajuda quanto a segurança da criança fazendo com que ela tenha maior disposição para ir até lá, como por exemplo: “agora que acabamos a brincadeira, vamos para o ‘tapete da atividade’ porque vou buscar o material para a atividade de hoje”.
4. Crie disposição: escolher realizar a tarefa escolar depois de uma brincadeira ou outra tarefa que a criança goste muito, em que se nota o surgimento do entusiasmo e da alegria, pode proporcionar a extensão destes sentimentos para a nova atividade e facilitar a aceitação da mesma.
5. Estude antes o que vai ser realizado: por serem pequenas, as crianças de ensino infantil dependem de um terceiro que as guiem na tarefa. Se o guia souber antes qual será o caminho a ser percorrido, essa travessia ficará mais fácil.
Mesmo tendo refletido sobre tudo isso e tendo personalizado para seu contexto familiar e sua disponibilidade (interna e externa), é possível que a criança se distraia de seu dever? Claro que sim.
Crianças são feitas de espontaneidade! Nesses momentos, unir o tema da lição com o nome da criança vai auxiliá-la a voltar para a atividade novamente. Nessa fase a criança presta atenção em tudo que envolva o seu nome.
Também vale se utilizar de algo que você já observou que é passível de chamar a atenção da criança como uma cor de lápis que não usou, um detalhe da história que está estudando e que se relaciona com a roupa que a criança está usando ou gosta; ou um enfeite da personagem da história que ela está aprendendo com a primeira letra do seu nome etc. Outra ferramenta interessante é a paciência, é claro.
Lembre-se que a aprendizagem ocorre através de afeto. E por isso é muito importante que seja uma tarefa prazerosa para quem vai estar junto da criança também.
Nossos professores, pedagogos, mestres fazem falta. Não há como substituí-los. Mas poder participar dessa realidade adaptada, mesmo que envolva novo trabalho/esforço, pode proporcionar momentos de surpreendentes experiências, caminho de diálogo entre pais e filhos e crescimento para ambos os lados.